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ESPÉCIES

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RUBIACEAE

Chiococca alba (L.) Hitchc.

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RUBIACEAE
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Ocorrência: Ampla distribuição na América Central, América do Sul, Antilhas, sul dos Estados Unidos e México. No Brasil, é encontrada na Floresta Amazônica, Caatinga, Cerrado, Floresta Atlântica e Pantanal, nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Na Restinga de Massambaba é comum nas formações arbustiva fechada e arbustiva aberta (em moitas).


Descrição: Trepadeira lenhosa. Caule com ramos escandentes, cilíndricos, glabros. Folhas simples, opostas, ovadas, pecioladas, cartáceas, glabras, ápice cuspidado, base atenuada; estípulas triangulares. Inflorescência paniculada, axilar, disposta unilateralmente; flores pentâmeras, bissexuadas, diclamídeas, actinomorfas, brancas, perfumadas, cálice com sépalas triangulares, pilosas, corola creme, branca, amarelo-clara ou esverdeada, campanulada. Fruto drupa, globoso, achatado lateralmente, branco na maturidade, duas sementes por fruto. Semente semilunar, achatada, pequena, testa rugosa, bege. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Floração no verão e frutificação no outono. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 21 dias após a hidratação. Germinação alta (73%) e tempo médio de germinação de 60 dias. As sementes formam banco de sementes.


Observações: Espécie conhecida no Brasil como “cainca”, “cipó-cruz”, “raiz-de-frade”, sua casca e raiz são utilizadas na medicina tradicional brasileira, como emética, purgativa, diurética, emenagoga, febrífuga, antiasmática, contra mordedura de cobra, e faz parte da Farmacopea brasileira(134 231). A decocção de toda a planta é utilizada como laxante e remédio para tratar gonorréia, infecções de pele e reumatismo(232). Estudos indicam potencial anti-inflamatória e atividade antimicrobiana contra Streptococcus aureus(233).

RUBIACEAE

Tocoyena bullata (Vell.) Mart.

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Canteiro 35A

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Ocorrência: Endêmica, distribuída no litoral do Brasil, da Paraíba a São Paulo, em Minas Gerais e Goiás, em áreas de Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica. Na Restinga de Massambaba é comum na formação arbustiva aberta (em moitas). 


Descrição: Arbusto ou árvore até 6 m de altura. Caule com ramos cilíndricos, estriados, pilosos ou glabros, pardacentos quando secos, presença de estípulas deltoides, caducas. Folhas pecioladas, buladas, oblongas, elípticas, ovadas, obovado-lanceoladas, ápice acuminado ou agudo, base obtusa ou cuneada, margem inteira, pilosa ou revoluta, subcoriáceas, discolores, face adaxial pilosa, verde-brilhante quando fresca, pardacenta ou enegrecida quando seca, face abaxial pilosa, cinza-esverdeada ou marrom quando seca. Inflorescência fasciculada, séssil, pedúnculo geralmente glabro, brácteas deltoides, geralmente glabras, persistentes; flores branco-amareladas, com hipanto glabro ou pouco piloso, cálice com sépalas iguais,  presença de disco nectarífero. Fruto baga, piloso quando imaturo, glabro quando maduro, marrom a negro, polpa úmida marrom, bastante aderida às sementes, várias sementes por fruto. Semente achatada horizontalmente, mediana a pequena, testa lisa, marrom. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes. 


Informações ecológicas: Floração na primavera e frutificação no verão e outono. Polinização por esfingofilia(35). Frutos e sementes sofrem intensa predação por larvas, sendo raramente encontrados intactos. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 16 dias após a hidratação. Germinação alta (73%) e tempo médio de germinação de 27 dias.


Observações: Estudos etnobotânicos nas Restingas de Carapebus (RJ) reconhecem o nome vernacular de “jenipapo-da-praia” e indicam que os frutos são usados na medicina local, como cicatrizante(144). As flores são vistosas e sugerem potencial para uso paisagístico. 

SAPINDACEAE

Cupania emarginata Cambess

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Sapindaceae

CAMBOATÁ BRANCO, CAMBOATA, CAMBOATÁ

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, ocorre na Floresta Atlântica (floresta ombrófila e restinga), nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará) e Sudeste. Na Restinga de Massambaba está presente nas formações arbustiva aberta (em moitas) e florestal não inundável.

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Descrição: Árvore até 10 m de altura. Caule com ramos estriados, com lenticelas circulares. Folhas compostas, paripinadas, 4-10 folíolos, raque prolongando-se sob a forma de apículo, folíolos obovados ou elípticos, subcoriáceos, base cuneada, decorrente a levemente assimétrica, ápice retuso a emarginado, margem inteira, revoluta, glabras, nervuras na face adaxial conspícuas. Inflorescência em tirso simples ou composto, axilar ou terminal, pilosas e amareladas; flores actinomorfas, pentâmeras, cálice dialissépalo, sépalas ovadas, pilosas, margem pilosa, dispostas em dois verticilos, corola com pétalas branco-amareladas, obovadas, margem pilosa, apêndices bífidos, pilosos, disco nectarífero anelar, lobado. Fruto cápsula loculicida, amarelada, achatada lateralmente, coriácea, duas sementes por fruto. Semente obovoide, mediana, testa lisa, marrom escura a preta, com arilo branco, carnoso, cobrindo totalmente ou quase totalmente a semente. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva. 


Informações ecológicas: Frutificação no inverno. Dispersão de sementes por autocoria ou zoocoria. A presença de arilo no gênero Cupania está associada à dispersão secundária por formigas(234). A germinação de sementes se inicia 9 dias após a hidratação. Germinação muito baixa (6%) e tempo médio de germinação de 33 dias. A baixa porcentagem de germinação não permite afirmar se as sementes possuem dormência.


Uso local: A madeira era extraída no passado para uso na construção de casas, moirões, cercas e cabos de ferramentas. 


Observações: Estudos nas restingas do norte fluminense também indicaram o uso da madeira para construção e tecnologia (para casas e cabos de ferramentas)(144). 

SAPINDACEAE

Paullinia weinmanniifolia Mart.

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, ocorre na Floresta Atlântica (floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila e restinga), nas regiões Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro). Na Restinga de Massambaba distribui-se na formação arbustiva aberta (em moitas), assim como em áreas perturbadas (clareira ou borda de formações florestais). 

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Descrição: Trepadeira lenhosa, lactescentes. Caule cilíndrico, estriado, piloso. Folhas trifolioladas, biternadas, frequentemente com 5 folíolos, raramente 11, com um par de folíolulos basais trifoliolados, raque marginado-alada, estípulas presentes. Inflorescência em tirso axilar, racemiforme, pilosas; flores zigomorfas, cálice dialissépalo, tetrâmero, sépalas cartáceas, pilosas, corola com pétalas brancas, obovadas. Fruto cápsula septífraga, vermelho, trialado-suborbicular, subcoriáceo, obliquamente estriado, alas dispostas inteiramente ao redor dos lóculos, uma a três semente por fruto. Semente trígono-obovoide, mediana, arilo branco cobrindo a maior parte da semente a partir da base, testa lisa e preta. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva.


Informações ecológicas: Frutificação no inverno. Polinização por melitofilia(39). Dispersão de sementes por autocoria; no entanto, sementes com arilo podem estar associadas com dispersão secundária por formigas. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 5 dias após a hidratação. Germinação alta (94%) e tempo médio de germinação de 10 dias. A germinação é mais rápida e mais elevada em temperatura constante.


Observações: Nas restingas do litoral Norte Fluminense é conhecida como “cipó-sangue”(235), devido ao exsudato de coloração vermelha que é produzido quando a planta é lesada. Entretanto, não há relato de usos para as restingas, ainda que o gênero Paullinia possua reconhecido potencial medicinal, como no caso de P. cupana(236) – o “guaraná” do Brasil, uma das plantas medicinais mais usadas na Amazônia brasileira, com efeitos estimulantes conhecidos na Europa desde os tempos da colônia. Outras espécies do gênero são de interesse, por apresentarem alcaloides, saponinas e outros metabólitos secundários que conferem às plantas efeitos ictiotóxicos, como timbós(237). 

SAPOTACEAE

Manilkara subsericea (Mart.) Dubard

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SAPOTACEAE

MASSARANDUBA-DA-PRAIA, FRUTA-DE-LEITE

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, encontrada na Floresta Atlântica (floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila e restinga) com ocorrência nas regiões Sudeste e Sul (Paraná, Santa Catarina). Na Restinga de Massambaba é encontrada nas formações arbustiva aberta (em moitas) e florestal não inundável, sendo comum em todas as restingas do estado do Rio de Janeiro.

Descrição: Arbusto ou arvoreta até 6 m de altura; lactescente. Caule com ramos jovens castanho escuro, glabros, lenticelados, ásperos e fissurados. Folhas oblanceoladas ou cuneiformes, ápice obtusamente cuspidado, obtuso, arredondado ou emarginado, face adaxial glabra, abaxial com camada de tricomas esbranquiçados ou acinzentados. Inflorescência em fascículos, castanho-amareladas, pedicelo pedicelo com tricomas ou glabro; flores bissexuadas, perfumadas, cálice com sépalas lanceoladas, ápice agudo, corola glabra, tubular. Fruto baga, globoso, ápice e base arredondados, liso, glabro, vinoso a roxo nigrescente, uma ou duas sementes por fruto. Semente elipsoide, lateralmente compressa, mediana, testa lisa, lustrosa, marrom escura, cicatriz hilar basiventral grande e branca. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes. 


Informações ecológicas: Frutificação no verão. Polinização por melitofilia, esfecofilia e psicofilia(238). Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes com dormência, iniciam a germinação 58 dias após a hidratação. Germinação muito baixa (4%).


Uso local: Os frutos maduros são apreciados pela comunidade local, que ainda os consome in natura. No passado, a madeira foi extraída para construções de casas e embarcações.


Observações: Espécie também conhecida como “maçaranduba-pequena”, “maçaranduba-vermelha”, “maçarandubinha”, é comum nas restingas, porém vem sofrendo ameaça, devido à perda dos ambientes naturais(239 240). 
Estudos com extrato dos frutos mostraram compostos que indicam potencial biológico para atividades antimicrobianas, especialmente contra Staphylococcus aureus(241), além de atividade anticolinesterásica(242), importante no tratamento da doença de Alzheimer. Há evidências da ação dos extratos de folhas e caules na inibição do veneno de surucucu (Lachesis muta), reduzindo sintomas como hemorragia ou coagulação,(243). Outros ensaios farmacológicos mostraram ação antiparasítica (Trypanozoma cruzi)(244). 

SAPOTACEAE

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.

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GUAPEBA

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Ocorrência: Ampla distribuição, ocorrendo na América Central (Nicarágua, Panamá, Costa Rica), América do Sul (Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname e Brasil) e Antilhas (Trinidade e Tobago). No Brasil, é encontrada na Floresta Amazônica, Cerrado e Floresta Atlântica e em áreas antrópicas, das regiões Norte, Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso), Sudeste e Sul (Paraná, Santa Catarina). Na Restinga de Massambaba é encontrada na formação arbustiva aberta (formando moitas). 

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Descrição: Árvore até 3 m de altura, de copa densa, lactescente. Caule ereto e um pouco sulcado, ramos glabros a pouco pilosos, branco-acinzentado a castanho escuro, casca fissurada superficialmente. Folhas alternas espiraladas, concentradas na extremidade dos ramos, oblanceoladas ou elípticas, cartáceas, glabras. Inflorescência em fascículos axilares e abaixo das folhas com1 a 5 flores; flores bissexuadas, brancas a amareladas, cálice com 4 sépalas, corola tubular, com 4 pétalas. Fruto baga, globosa ou ovoide, pilosa ou glabra, com polpa gelatinosa adocicada, uma a quatro sementes por fruto. Semente ovoide a elipsoide, grande, testa lisa e marrom escura, lustrosa, cicatriz hilar lateral ou adaxial, grande e marrom clara. Plântula fanerocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva.


Informações ecológicas: Floração no fim da primavera e início do verão e frutificação no inverno. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 13 dias após a hidratação. Germinação mediana (65%) e tempo médio de germinação de 23 dias. A germinação é mais rápida e elevada em temperatura alternada.


Uso local: A madeira era usada no passado em construções. Entretanto seus frutos ainda são muito apreciados em Arraial do Cabo, consumidos maduros e in natura, pela comunidade local que realizam caminhadas específicas para sua coleta na restinga.


Observações: No Brasil a polpa do fruto é usada para aliviar a tosse, bronquites e outros problemas pulmonares, assim como diarreia e febre, tratamento da anemia e como purgante(245). Há registros de atividades biológicas do extrato das folhas como antioxidante(246), anti-inflamatória(247), antibacteriana e antifúngica(248). 

SAPOTACEAE

Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni

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GUAPEBÃO, BAPEBA

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Ocorrência: Endêmica do Brasil e da Floresta Atlântica, nas restingas do Nordeste (Bahia, Pernambuco) e Sudeste (Rio de Janeiro). Na Restinga de Massambaba é encontrada nas formações arbustiva aberta (em moitas) e florestal não inundável.

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Descrição: Árvore até 10 m de altura, lactescente. Caule piloso, casca rachada, fissurada, lenticelada. Folhas espaçadas ou pouco agrupadas, simples, alternas, espiraladas, oblanceoladas a oblongas, margem revoluta, coriáceas, glabras. Inflorescência em fascículos; flores bissexuadas, de 2 a 10 flores, verde claro, cálice com 4 sépalas, as externas menores que as internas, corola cilíndrica, tubular, de 6 a 8 pétalas oblongas a estreitamente elípticas, ápice agudo a obtuso, raramente glabras, papilosas. Fruto baga, globoso a sub-globoso, liso, piloso, polpa farinácea adocicada; epicarpo amarelo-alaranjado a castanho-avermelhado, às vezes caindo antes da maturação, uma e quatro sementes por fruto. Semente semilunar a globosa, muito grande, testa lisa, marrom escura e lustrosa, grande cicatriz hilar marrom clara. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva.


Informações ecológicas: Frutificação no verão. Polinização por falenofilia249. Dispersão de frutos por autocoria; no entanto, pode haver dispersão secundária da semente por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 13 dias após a hidratação. Germinação mediana (48%) e tempo médio de germinação de 44 dias.


Uso local: No passado, a madeira era extraída para uso em construção (vigas, mourões e estacas). Os frutos comestíveis são menos apreciados quando comparados com os de outras guapebas ou bapebas, mas são consumidos in natura ou são batidos com leite, segundo os mais antigos da região.


Observações: A literatura cita outros nomes comuns como “bapeba-preta” e “maçaranduba” na Bahia, e “goitetuba” e “goiti-truba” no Rio Grande do Norte, assim como é salientado o potencial de seus frutos como comestíveis e a madeira para construção civil(250 251). Há registros de atividade antimicrobiana do extrato das folhas(248). 

SAPOTACEAE

Pouteria psammophila (Mart.) Radlk

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VISGO

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Ocorrência: Endêmica do Brasil e da Floresta Atlântica, ocorre nas regiões Nordeste e Sudeste. Na Restinga de Massambaba ocorre nas formações arbustiva aberta (em moitas) e florestal não inundável.


Descrição: Arbusto ou árvore de 4 a 10 m de altura, látex branco. Caule com ramos jovens castanho-claros, fissurados. Folhas simples, espiraladas, oblongas ou elípticas a oblanceoladas, levemente coriáceas, glabras. Inflorescência em fascículos axilares e abaixo das folhas; flores tetrâmeras, creme-esverdeadas; cálice com sépalas glabras; corola largamente tubular. Fruto baga, globoso, liso, glabro, amarelo, polpa farinácea, uma ou duas sementes por fruto. Semente ovoide, grande, testa rugosa, marrom escura, grande cicatriz hilar. 


Informações ecológicas: Frutificação no verão. Dispersão de sementes por zoocoria. Não há informações sobre mecanismos de dormência nas sementes de P. psammophila; para outras espécies do gênero Pouteria, pelo menos 10 possuem dormência fisiológicas, enquanto outras 6 possuem sementes sem dormência(27).


Uso local: O látex era usado para caça, especialmente de pássaros na região.


Observações: Floração e frutificação são eventos supra-anuais para P. psammophila e podem estar ausentes por, pelo menos, 3 anos consecutivos(252). 

SAPOTACEAE

Sideroxylon obtusifolium (Roem.& Schult.) T.D.Penn.

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Canteiro 35A

SAPUTIQUIABA, SAPOTIABA

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Ocorrência: Ampla distribuição, da América Central à Argentina. No Brasil, ocorre no Norte (Tocantins), Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, na Caatinga, Cerrado, Floresta Atlântica (restinga) e Pantanal. Na Restinga de Massambaba ocorre nas formações arbustiva fechada, arbustiva aberta e áreas remanescentes da formação florestal não inundável.


Descrição: Árvore ou arbusto até 10 m de altura, com látex branco. Caule cinzento-amarronzado, fissurado, com espinhos axilares ou terminais geralmente presentes em ramos jovens. Folhas opostas, subcoriáceas, ovadas, elípticas, oblongo-lanceoladas ou obovadas. Inflorescência em fascículos axilares, flores bissexuais, pequenas, branco-amareladas, muito perfumadas. Fruto baga, elipsoide, obovado ou subgloboso, às vezes levemente afunilado, liso, glabro, pericarpo carnoso, uma ou duas sementes por fruto. Semente subglobosa a elipsoide, com uma face reta quando 2 por fruto, mediana, testa lisa, brilhante, marrom. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva(253).


Informações ecológicas: Floração no inverno e primavera e frutificação na primavera e verão(252). Polinização por melitofilia, esfecofilia e psicofilia(238). Dispersão de sementes por zoocoria. Dormência fisiológica é reportada para outras espécies do mesmo gênero(27) e dormência física é sugerida para S. obtusifolium, uma vez que o desgaste do tegumento da semente parece promover aumento da porcentagem de germinação(250 254).


Uso local: Até 40 anos atrás, a madeira era extraída e utilizada na construção de casas, reparos de canoas e como combustível (lenha). Os pescadores cabistas têm grande admiração por esta madeira sendo resistente ao tempo e impermeabilidade. Seus frutos quando maduros podem ser comestíveis. 


Observações: Na literatura é conhecida como “quixabeira”, “quixaba”, “sapotiaba”(250). É uma das espécies medicinais mais importantes para as populações indígenas e locais da Caatinga (Paraíba e Pernambuco), sendo a decocção da casca do caule usada para inflamações do aparelho genito-urinário, em banhos de assento e garrafadas para uso interno; na zona rural, o fruto maduro é consumido in natura; o “mel” produzido no interior de seu tronco é extraído para consumo próprio e para comercialização(255) em mercados, como Feira de Caruaru (PE)(256). No Sudeste, há antigas evidências do consumo de seus frutos, encontrados em sítios pré-históricos (sambaquis) ao longo do litoral fluminense(257). Porém, atualmente esta espécie vem desaparecendo devido à supressão da cobertura vegetal pela especulação imobiliária no litoral.

Há comprovação de propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes para a casca(258 259), sendo utilizada como cicatrizante através de chás ou infusões hidroalcoólicas, assim como hipoglicemiante260; extratos das folhas demonstraram propriedades antifúngicas261, antimicrobianas(262).

SMILACACEAE

Smilax rufescens Griseb.

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SMILACACEAE

JAPECANGA

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, encontrada na Floresta Amazônica, Cerrado e Floresta Atlântica (floresta ombrófila e restinga), nas regiões Norte (Amazonas, Rondônia), Nordeste (Alagoas, Bahia, Maranhão), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina), comum em áreas antrópicas. Na Restinga de Massambaba é encontrada nas formações arbustiva fechada, arbustiva aberta e arbustiva aberta em baixios inundáveis. 

Descrição: Liana ereta ou prostada. Caule cilíndrico, liso ou áspero, estriado, com acúleos esparsos nos entrenós. Folhas alternas, ovadas, arredondadas ou elípticas, coriáceas, às vezes com máculas brancas, ápice arredondado, agudo ou emarginado, com apículo, base levemente cordada, emarginada ou truncada, margem plana, às vezes aculeada. Inflorescência em cimeiras, umbeliformes; flores unissexuadas, esverdeadas, pequenas, botões masculinos elípticos, femininos ovoides; flor masculina com tépalas semelhantes entre si, reflexas, oblongas; flor feminina com tépalas diferentes entre si, reflexas. Fruto baga, globoso, arroxeado a negro quando maduro; polpa sucosa, endocarpo transparente, elástico e resistente, uma a três sementes por fruto. Semente globosa, pequena, testa lisa, vermelha e lustrosa, hilo redondo, preto e evidente. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva. 

Informações ecológicas: Frutificação no inverno. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes com dormência, iniciam a germinação 165 dias após a hidratação. Germinação alta (100%) e tempo médio de germinação de 209 dias. A germinação ocorre exclusivamente em temperatura constante. As sementes formam banco de sementes.


Observações: As espécies do gênero Smilax, conhecidas como “salsaparrilha” e “japecanga”, possuem antigos registros, desde o século XVI; sendo suas folhas e frutos utilizados na alimentação indígena, como preparados tônicos (tratamento de doenças venéreas, como a sífilis), sendo um dos importantes conhecimentos passados dos indígenas aos portugueses; usados ainda como fortificantes, antirreumáticas, depurativas e antissifilíticas(263), e fizeram parte do elenco de plantas usadas na Botica de São Bento (séc. XIX)(264). As espécies deste gênero possuem aplicações terapêuticas comuns, com atividades comprovadas como antibióticos e usadas em gripes, febres e resfriados e em doenças causadas por bactérias(265). 

SOLANACEAE

Cestrum axillare Vell

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SOLANACEAE

CANEMA

Ocorrência: Distribui-se na América do Sul (Argentina, Paraguai e Brasil). No Brasil, ocorre nas regiões Norte (Acre, Amazonas), Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (Paraná, Santa Catarina) e em áreas antropizadas. Encontrada na Floresta Amazônica, Caatinga, Cerrado, Floresta Atlântica e Pantanal. Na Restinga de Massambaba é encontrada na formação arbustiva aberta e em áreas antropizadas.


Descrição: Arbusto até 4 m de altura. Caule cilíndrico, glabro. Folhas inteiras, alternas, membranáceas, oblongas, eliptico-ovaladas a eliptico-lanceoladas, estipuladas aos pares, lanceoladas. Inflorescência cimoso-paniculiforme, axilar e terminal, com tricomas simples; flores sésseis ou curto-pediceladas, brancas, ou amarelo-esverdeadas, tubulosas. Fruto baga, ovoide a elipsoide, roxo-escuro a preto quando maduro, sem polpa, 4 a 8 sementes por fruto. Semente piramidal, muito pequena, testa marrom. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes266.


Informações ecológicas: Frutificação no verão e outono2. Polinização por falenofilia(35). Dispersão de sementes por zoocoria(267). 


Usos locais: O caule era utilizado para confecção de utensílios domésticos, como colher de pau e cabo de enxada. Suas folhas são de uso medicinal, como antisséptico.

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Observações: Há registros de ação tóxica e letal (saponinas – gitogenina e digitogenina) se ingerida por bovinos, caprinos e ovinos(268 269). Existem relatos do uso ritualístico, além de possuírem propriedades alucinógenas (presença de alcaloides tropânicos)(270). Espécie utilizada em rituais de candomblé para “limpeza de ambientes”, afastando energias negativas(271). 

URTICACEAE

Cecropia pachystachya Trécul

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URTICACEAE

EMBAÚBA

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Ocorrência: Encontrada desde o sudoeste da bacia amazônica, estendendo-se para a região central e faixa leste do Brasil, ocorrendo em todas as regiões do país, além do Paraguai e Argentina. Na Restinga de Massambaba ocorre nos remanescentes da formação florestal inundável, nos limites da formação arbustiva aberta e em áreas perturbadas. 

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Descrição: Árvore até 10 m de altura, dioica. Caule com ramos pilosos. Folhas simples, alternas, peltadas, palmatilobadas, cartáceas, pilosas; pecíolo piloso com triquílios na base; estípulas pilosas. Inflorescência em fascículos de espigas, pêndula aos pares; espatas expandidas, amplas, envolvendo os fascículos, pilosas, branco-esverdeadas externamente, glabras e castanho-escuras internamente; pedúnculos carnosos, esverdeados, glabros ou pilosos; fascículos estaminados estipitados, creme-amarelados quando jovens e castanho-esverdeados posteriormente, glabros; fascículos pistilados estipitados, creme-esverdeados. Fruto aquênio, elipsoide a ovoide, muito pequeno, com epicarpo rugoso e marrom, envolvido por perianto carnoso formando uma infrutescência; muitos frutos por infrutescência, apenas uma semente por fruto. Semente elipsoide, castanho, testa rugosa, não se individualiza do fruto. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes, folhas jovens simples, com margem serrada. 


Informações ecológicas: Floração no inverno e primavera e frutificação no outono(272). Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 5 dias após a hidratação. Germinação alta (90%) e tempo médio de germinação de 10 dias, sendo mais rápida em temperatura alternada de 30-20ºC(273).  As sementes formam banco de sementes. 


Uso local: Na medicina tradicional local, os frutos (denominados “bananinhas”) são coletados e usados para tratamentos de bronquites (respiratórios). 


Observações: Assim como as demais espécies do gênero, C. pachystachya apresenta comportamento pioneiro e rápido crescimento(273). Os frutos são frequentemente consumidos por várias espécies de morcegos(274).

VERBENACEAE

Lantana fucata Lindl.

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VERBENACEAE
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Ocorrência: Ampla distribuição na América do Sul (Peru, Bolívia, Venezuela, Brasil, Uruguai e Argentina). No Brasil ocorre na Caatinga, Cerrado, Floresta Atlântica, nas regiões Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí), Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste e Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina). Na Restinga de Massambaba é encontrada na formação arbustiva aberta (área aberta entre-moitas) e em ambientes antropizados. 

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Descrição: Arbusto até 2 m de altura. Caule com ramos eretos, decumbentes, com tricomas simples. Folhas ovais, decussadas, membranáceas, discolores, faces adaxiais verdes escuros, tricomas simples, ápice agudo a acuminado, margem serrada, base sub-cordada a atenuada. Inflorescência axilar; flores com cálice lobado, tricomas simples, corola hipocrateriforme, lilás a rósea, tubo ereto. Fruto nuculânio, globoso, lilás a roxo, polpa suculenta, um único pirênio com dois lóculos, uma semente por lóculo. Sementes não se individualizam, pirênio globoso irregular, pequeno, testa rugosa com sulcos e cavidades, marrom. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Floração no verão e frutificação no inverno. Dispersão de sementes por zoocoria.


Observações: Planta vistosa, com flores arroxeadas e potencial ornamental. Suas folhas são utilizadas, na medicina tradicional brasileira, em infusões, decocções e tinturas, para tratamento digestivo (antigases), anti-inflamatório, para tratar resfriados e problemas respiratórios (bronquites). Estudos farmacológicos recentes comprovaram seu efeito anti-inflamatório e, atualmente, o pó seco e tinturas das folhas são investigados devido à atividade antibacteriana, contra tuberculose(275), atividade antitumoral(276) e anti-inflamatória(277).

VERBENACEAE

Stachytarpheta restingensis Moldenke

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GERVÃO, GERVÃO-ROXO-DA-RESTINGA

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, ocorre na Floresta Atlântica (restinga) do Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro). Na Restinga de Massambaba é comum na formação arbustiva aberta (área aberta entre-moitas). 

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Descrição: Subarbusto até 1,5 m de altura, ramificação dicotômica. Caule ereto, tetragonal, pouco piloso. Folhas opostas, sésseis ou pecioladas, ovais, obovadas ou ovadas, cartáceas, glabras, com poucos tricomas nas nervuras, margem crenada-serrada ou inteira. Inflorescência em espigas; terminais; flores com cálice tubuloso, persistente, verde, glabro corola azulada, hipocrateriforme. Fruto esquizocárpico, castanho claro com superfície reticulada, duas sementes por fruto. Semente filiforme, pequena, testa rugosa e cinza. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Floração no outono e frutificação no inverno. Dispersão de sementes por autocoria. Sementes com dormência, iniciam a germinação 31 dias após a hidratação. Germinação mediana (39%) e tempo médio de germinação de 75 dias. A germinação ocorre apenas em temperatura alternada. As sementes formam banco de sementes.


Uso local: Folhas e raízes são coletadas pelos pescadores e amplamente utilizadas na medicina tradicional local, em infusão para tratar problemas de fígado, estômago, rins e resfriados.


Observações: Estudos recentes têm demonstrado que S. restingensis pertence ao mesmo grupo de S. cayennensis, que ocupa os ambientes de restinga, sendo morfologicamente similares(278). A espécie S. cayennensis, conhecida como gervão-roxo, vem sendo amplamente estudada pelo potencial medicinal de suas folhas e raízes, utilizadas no tratamento de disfunções gastrointestinais (antidiarreica(279), antiespasmódica280, além de anti-inflamatória, analgésica e antiulcerogênica(281)). Estudos etnobotânicos no litoral paulista registraram que as folhas do gervão são usadas em infusão para tratamento de rins e fígado; o xarope para tratamentos de cólicas renais e reumatismo; e a infusão e xarope da raiz são usados no tratamento de problemas de pulmão, infecções e gripe(212).

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